Reflexões em relação ao texto anterior:
Em relação à primeira parte concordo com o sentido geral e considero até bastante relevante. Mas naturalmente acho que a educação, seja a que nível fôr, é um meio de contribuir para o bem próprio e consequentemente para o bem geral. O argumento que há muitos licenciados sem emprego é verdade mas também limitativo. Acho até que as empresas não investem em pessoal com formação porque em geral os empresários têm eles próprios pouca educação. Depois, há outras formas de gerar rentabilidade para além do vulgar "emprego". E qualquer função que desempenhemos, seremos mais eficazes se tivermos mais conhecimento sobre a mesma.
O Estado baseado no "funcionário ignorante" que só obedece é uma das razões do nosso atraso em relação ao resto da Europa.
Por outro lado, e talvez paradoxalmente, também considero que há mais educação do que a tradicional leccionada na escola. As pessoas devem fazer a sua auto-formação e também devem ser empreendedoras na sua vida pessoal. Isto de tirar um curso e achar que agora é só esperar que chegue o dinheiro, é chão que já deu uvas - já há muito que não resulta. Embora muita da educação actual assente neste modelo.
No limite, actualmente existem dois modelos de governo opostos: O estado liberal em que é a iniciativa pessoal de cada um que gera riqueza, sendo depois responsáveis por manter a estrutura social coesa, através da criação de empregos ou até pela caridade ou filantropia (perto do modelo dos Estados Unidos ou do Mónaco).
Por outro lado temos o modelo social em que todos os recursos são redistribuidos pelos cidadãos assegurando um mínimo de condições para todos. Neste modelo não temos que nos esforçar para termos o nosso bem estar assegurado, mas onde também não há qualquer recompensa se o fizermos. Julgo que este só funciona em estados onde haja muita riqueza para redistribuir ou que os cidadãos sejam tão responsáveis que não deixem de se esforçar para o bem comum quando a tal não são obrigados, ou motivados.
Naturalmente será uma situação intermédia entre estes dois modelos limite que residirá o Estado adequado aos cidadãos que temos.
Nesse sentido, concordo com toda a argumentação final do artigo. O modelo do cheque ensino cria clivagens sociais que em nada contribuêm para a formação pessoal (para além da lectiva) de cada individuo. Acho muito mais válido aprendermos todos juntos e depois quem quiser, ou conseguir vai mais longe. Mas por um momento começámos todos juntos e em pé de igualdade. E quem quiser ser elitista desde a primeira hora que vá ter os filhos para a Suiça e deixe-os lá num colégio para nunca saberem o que é ser Português.
Para o melhor e para o pior.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
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